Projeto Brincadeiras
Divertidas
No
mês dedicado às crianças, que tal resgatar brincadeiras que fizeram feliz uma
outra geração e trabalhar todas as possibilidades que elas oferecem, inclusive a
de proporcionar momentos de entrosamento no ambiente escolar?
* Objetivo
* Vamos brincar
* Estátua
* Batata Quente
* Tico-Tico fuzilado
*
Pique estátua
* Jogo dos Pontinhos
* Elefantinho Colorido
* Mãe da
rua
* Cinco Marias
* Carrinho de mão
* Alfândega
* Peixinho e
Tubarão
* Pare-bola
* Vamos formar grupos?
* Rouba-bandeira
* Jogo
dos cinco
* Ceguinho
* Senhor caçador
* Coelhinho sai da toca
* E
ainda...
* Avaliando
* Bibliografia
OBJETIVO:
• Recuperar, com as crianças,
brincadeiras criativas e divertidas.
A recreação está para o homem (para
seu corpo, alma e mente), assim como o alimento está para o seu organismo. Os
jogos tonificam a alma, dão saúde física, promovem a auto-expressão, a alegria
de viver.
A proposta é resgatar a história de nosso país, mergulhando na
magia dos brinquedos e brincadeiras de antigamente. Essa viagem, certamente,
trará momentos agradáveis de diversão e de alegria.
As crianças têm
curiosidade em saber como as de outros países se divertem, quais são os seus
brinquedos. Por isso é interessante fazer um trabalho de pesquisa para descobrir
a origem de alguns brinquedos e brincadeiras. Assim, ficarão sabendo que,
conforme a região, os brinquedos e brincadeiras recebem nomes e formas
diferentes.
Jussimara Dias Rodrigues (professora de Ensino Fundamental em
Belo Horizonte – MG) desenvolveu um projeto o qual considera a visão humanista
de educação e a preocupação com a passagem da criança recém-saída da Educação
Infantil para o Ensino Fundamental da forma mais tranqüila e lúdica possível.
Houve, ainda, o propósito de formar uma turma mais coesa, já que o grupo tinha
um número significativo de crianças novatas.
Seguem algumas descobertas
feitas:
Vamos brincar?
O detonador do projeto foi uma briga
acontecida no segundo dia de aula, devido a uma brincadeira criada pelos alunos.
A atitude de um deles foi mal interpretada por outro que se sentiu agredido e
revidou.
A partir do desentendimento surgido no recreio, professora e
alunos conversaram, em roda, sobre alguns valores como alteridade e respeito. Em
seguida, iniciou-se o debate.
__ O que é brincar?
__ É fazer uma
coisa legal.
__ É divertir com os amigos e colegas.
__ Não! Você
também pode brincar com quem não é seu colega.
__ É o que a gente faz na
hora do recreio.
A professora sondou qual era a principal característica,
a principal “marca” de uma brincadeira:
__ Todo mundo ajuda a
escolher.
__ Você brinca junto com os colegas, com outras
crianças.
__ Não, eu já brinquei de amarelinha sozinha.
__ É, mas
é mais legal quando alguém brinca com a gente.
A discussão continuou
calorosa até que concordaram:
__ Quando estamos brincando ficamos mais
felizes.
__ Brincar é muito legal!
A professora interferiu
questionando:
__ Se brincar é tão legal, por que um dos colegas, hoje,
voltou aborrecido do recreio?
E ele respondeu:
__ Porque foi uma
brincadeira de mau gosto.
A professora retomou a direção do debate e
propôs às crianças que citassem algumas brincadeiras já conhecidas por elas. À
medida que falavam, a professora repetia o nome, escrevendo-o no
quadro.
Pode-se perceber que o repertório de brincadeiras que as crianças
apresentavam era bastante pobre, o que, provavelmente, levava-as a imitar
personagens agressivas da TV.
Como atividade do para casa, foi entregue
uma folha de bloco a cada uma delas e pedido que escrevessem em cada lado os
títulos:
* esenho (onde seria feito um desenho que identificasse aquela
brincadeira);
* regra (onde seria escrito como se faz para
brincar).
No dia seguinte, as crianças levaram o trabalho. A professora
pediu que cada uma fosse à frente para apresentá-lo. Os colegas tentariam, pelo
desenho, identificar qual era a brincadeira escolhida. A intenção da professora
era buscar mais representação nos desenhos. Em sua grande maioria, a brincadeira
levada foi o futebol. Pode-se perceber também uma dificuldade das crianças em
executarem a proposta. Algumas listaram cinco brincadeiras e não escreveram
regras, outras apenas desenharam, outras nada fizeram.
Nesse momento, a
professora começou a questionar a respeito da diferença entre brincadeira e
jogo. Elas percebiam que havia diferenças, mas não conseguiam identificá-las.
Foi, então, que a professora começou a desafiá-las, perguntando:
__ Pique
é jogo ou brincadeira?
__ Futebol é jogo ou brincadeira?
__
Queimada é jogo ou brincadeira?
__ Maria-viola é jogo ou
brincadeira?
__ Alfândega é jogo ou brincadeira?
A partir daí,
surgiram as seguintes hipóteses:
__ Se você errar no jogo, você
sai.
__ Não, só leva falta.
__ É, mas se tiver dois cartões
amarelos e fizer outra falta, aí sai.
__ E no jogo tem time, técnico,
reserva.
Algumas crianças voltavam-se para o futebol como generalização
de brincadeira. Outras já buscavam uma maneira de definir o que era jogo e o que
era brincadeira. Ao final do debate, elas concluíram:
__ Jogo tem regra e
é só desse jeito que vale. Na brincadeira, você pode combinar com seu amigo um
jeito diferente de brincar. Mas tem que combinar.
Professora e alunos
elegeram algumas brincadeiras conhecidas pela maioria da turma e, em grupo, as
crianças ilustraram e escreveram como se faz para brincar. Esse momento de
trabalho em grupo (o primeiro acontecido na turma) possibilitou que a professora
percebesse a participação, a capacidade de liderança, a desenvoltura, enfim, as
habilidades e dificuldades de cada criança.
Houve também o desafio da
escrita de uma regra que deveria ser lida por outra criança e compreendida para
ser jogada. Essa etapa ofereceu um momento de troca riquíssimo: na medida em que
um colega falava a regra, outro escutava e elaborava a melhor forma de
escrevê-la.
Como era objetivo montar um fichário de brincadeiras, em
trios, as regras foram digitadas nas aulas de informática. Nas primeiras aulas,
muitos trabalhos perderam-se por não terem sido salvos, outros não eram
concluídos e alguns trios não conseguiram se organizar para iniciar o
trabalho.
A professora propôs várias atividades para casa e em sala, para
incentivar a busca de informações sobre outras brincadeiras. A internet foi um
recurso usado para pesquisar, no site www.mundocriança.com.br as crianças
descobriram, também, outros nomes para brincadeiras já conhecidas. As novas
regras foram digitadas e incorporadas ao fichário.
Ao final de cada aula
a professora avaliava o que foi positivo e o que precisava ser mudado. A grande
variedade de recursos do computador (tamanho e tipo de letra, por exemplo),
aliada à facilidade das crianças em lidar com eles, às vezes dificultava o
trabalho: a cada descoberta, elas se entusiasmavam e queriam mostrar aos colegas
suas conquistas, o que transformava o ambiente da sala mum lugar tumultuado, mas
de muita troca.
A cada dia, era sorteada uma brincadeira para ser curtida
no recreio. No início do trabalho, todo o tempo determinado para a brincadeira
era tomado por discussões, porque cada um conhecia a regra de um jeito e o
exercício de ouvir o colega e ceder ainda era muito difícil. No decorrer da
atividade, as colocações já eram feitas de forma mais tranqüila, favorecendo o
desenvolvimento da brincadeira dentro do tempo proposto. Foi um
sucesso!
Outro objetivo era que as crianças levassem esse trabalho como
lembrança da 1ª série. Por isso, a professora sugeriu que, além do fichário,
fosse confeccionado um livro de jogos e brincadeiras.
Foi convidada a mãe
de um aluno que é editora de livros, para esclarecer dúvidas e mostrar
diferentes formas para encadernar o livro. Ela fez uma palestra sobre as
diversas formas de ilustração e encadernação, apresentando vasto material.
Chamou a atenção para outras formas de diagramação de um texto além das
diferentes técnicas de ilustração, tópico que mais despertou interesse na sua
apresentação. Ela falou também sobre a ficha técnica, onde devem constar os
nomes de todas as pessoas que participaram da confecção do livro.
Foi
definida a ficha técnica do livro a qual deveria conter várias
informações:
* Editora – a pessoa que acreditou num trabalho bonito e bem
feito, no nosso caso, a professora.
* Produtor – a pessoa que trabalhou na
execução do livro; aqui houve um impasse porque as crianças sentiram-se também
produtoras.
* Coordenadora editorial – quem incrementou o trabalho com novas
idéias e formas de realizá-lo.
* Revisor – a pessoa que, depois do livro
montado, lê e descobre palavras que estão erradas e devem ser corrigidas antes
de ser impresso.
* Impressão – a identificação do local onde a impressão foi
feita, quando deixou de ser uma idéia para se transformar em livro.
As
ilustrações foram criadas pela crianças no programa Paint Brush. Estas
ilustrações foram feitas para cada uma das brincadeiras pesquisadas redigidas
pelas próprias crianças.
A seguir, serão transcritas algumas
brincadeiras:
Estátua
Em roda, os participantes vão cantando de
mãos dadas:
“A casinha da vovó,
cercadinha de cipó,
o café
tá demorando,
com certeza não tem pó!
Brasil! 2000!
Quem
mexer saiu!”
Todos viram estátua e não vale rir, nem piscar, nem mexer,
nem coçar!
Batata Quente
Não tem time. Passamos a bola, ou outro
objeto, para um colega enquanto todos cantam:
__ Batata que passa quente,
batata que já passou, quem ficar com a batata, coitadinho se
queimou!
Quem estiver com a bola quando for dito “queimou” , sai da
roda.
Tico-tico fuzilado
Cada criança terá uma latinha. De um
lado, ficarão as crianças, uma ao lado da outra. Do outro, as latinhas. Cada
criança deverá jogar a bolinha (de tênis ou de meia), tentando acertar uma das
latinhas enfileiradas. O dono daquela que for atingida, deverá pegá-la antes que
os outros participantes joguem a bola novamente. Se ele não conseguir, será
“fuzilado”: fica de pé e escolhe um lugar do seu corpo para que o colega jogue a
bolinha e acerte o local escolhido. Quem for “fuzilado” três vezes sai da
brincadeira.
Pique estátua
Escolher uma pessoa para ser o pegador.
Todas as outras crianças começam a correr. Se o pegador encostar em alguma
criança, ela vira estátua. Outro colega terá que encostar nela para salvá-la e,
aí, ela poderá correr novamente.
Jogo dos pontinhos
Em uma folha
toda pontilhada, você deve ligar um ponto ao outro com linhas, até formar um
quadrado. Um jogador de cada vez. Ganha quem conseguir fechar mais
quadrados.
Elefantinho colorido
As pessoas ficam em roda. Um
menino ou menina fala:
__ Elefante colorido!
Os outros
perguntam:
__ De que cor ele é?
A criança escolhe uma cor e as
pessoas têm que tocar em alguma coisa que tenha essa cor. Se alguém não achar a
cor, o “elefantinho” pode pegá-lo.
Mãe da rua
Uma pessoa fica no
meio. As outras ficam dos lados. Elas têm de atravessar a rua correndo para a
mãe da rua não pegá-los. Se ela pegar uma criança, esta vira a mãe da rua, e vai
começar tudo de novo.
Cinco Marias
São cinco saquinhos cheios de
areia ou cinco pedrinhas. Jogar um saquinho para cima e tentar pegar aqueles que
estão no chão antes que o saquinho jogado para cima caia. Você pode criar etapas
e ir vencendo-as, como na amarelinha.
Carrinho de mão
São dois
times. Marcar uma linha de saída e outra de chegada. O carrinho é formado por um
par de crianças. A da frente põe as mãos no chão e a de trás segura os pés da
primeira. Andando com as mãos no chão, ela tentará chegar primeiro até a linha
marcada.
Alfândega
Uma pessoa escolhe uma regra tipo: “só passa se
for uma coisa que voa”. Se falar boi, não passa. Quem fez a regra sempre passa e
fala se os outros passam ou não passam. O objetivo é descobrir a
regra.
Peixinho e tubarão
São dois times – um de peixinhos, outro
de tubarões. Quando tocar uma música ou apito baixinho, os peixinhos saem para
passear. Quando a música for forte, os tubarões saem para tentar pegar os
peixinhos, que deverão voltar correndo para sua casa. O peixinho que for pego
por um tubarão vira tubarão também.
Pare-bola
Nós pegamos uma
bola, fazemos uma roda e passamos a bola uns para os outros. Quando alguém
deixar a bola cair, todos deverão correr. Quem deixou cair, pega a bola e
grita:
__ Parebola!
Com a bola na mão, ela poderá dar, no máximo,
três passos. Quando terminar de andar, terá que parar e tentar “queimar” um dos
jogadores – se ele não agarrar a bola estará queimado.
Vamos formar
grupos?
As crianças, em roda, vão girando e cantando. A um sinal – apito
ou palma – a professora mostra um cartão com um número e elas terão que se
organizar em grupos. Vamos supor que a professora mostrou o número 7. Aí, todos
têm que se juntar em grupos de 7 e depois voltar para a
roda.
Rouba-bandeira
São dois times. Cada um tem um campo e uma
bandeira em seu grupo. O objetivo do jogo é roubar a bandeira do outro time, sem
ser pego. Se você for pego no campo do adversário, fica “colado” até outro
jogador da sua equipe te “descolar”. Ganha o time que conseguir roubar a
bandeira primeiro.
Jogo dos 5
Separe as cartas do baralho do ás
até o 5. Embaralhe bem as cartas. Cada jogador ganhará três cartas e as
restantes ficarão no monte da mesa. O jogo rodará no sentido anti-horário. A
cada vez que jogar, você deverá pegar uma carta no monte e tentar fazer com elas
sempre um total de 5. Vence o jogador que conseguir formar um número maior de
grupos de 5. Vale inventar o jogo do 6, do 7, do 8, do 9 e do 10. É só ir
acrescentando mais cartas.
Ceguinho
Uma criança fica no centro da
roda com os olhos fechados. A roda gira, com todos cantando “Pai Francisco”.
Quando o “ceguinho” bater palmas, todos param e ele caminha para a frente até
tocar em algum colega e descobrir em quem tocou.
Senhor caçador
Os
participantes sentam-se em roda e um deles será o caçador, que ficará com os
olhos vendados. Os outros cantam:
“Senhor caçador,
preste bem
atenção!
Não vá se enganar,
Quando o galo cantar!
Canta,
galo!”
Um dos participantes da roda imitará a voz do galo e o caçador
terá que descobrir quem é o galo.
Coelhinho sai da toca
Não tem
time. Desenha-se no chão uma toca a menos que a quantidade de participantes.
Cada coelho ficará dentro de uma toca, exceto um. O sem-toca dará os
comandos:
__ O coelhinho vai escovar os dentes (não vale sair da toca,
porque escovamos os dentes dentro de casa).
__ Coelhinho vai comprar pão
(tem que trocar de toca).
O coelho sem toca vai tentar ocupar uma toca
vazia e o dono dela ficará sem toca.
E ainda...
Brinquedos foram
confeccionados pelas crianças, na maioria das vezes utilizando materiais da
natureza ou sucatas. Serviram para a brincadeira individual, como a pipa e as
rodas (pneus velhos que são rolados pela rua). Mas isto não aconteceu com as
bolas de meia confeccionadas. As crianças trouxeram meias velhas e, divididas em
grupo, confeccionaram as bolas de meia usando muita força e muita cooperação.
Elas foram usadas no recreio divertindo não só as crianças da nossa turma, como
também os outros colegas que brincam conosco, de uma forma bastante
entrosada.
Houve, também, um Sarau de Poesia quando as crianças
apresentaram “A bola de meia”, de Ângela Leite de Souza, com dramatização. Em
seguida, cantaram a música “Bola de meia”, da autoria de Milton Nascimento e
Fernando Brant.
Cada criança escolheu um brinquedo que tinha em casa, do
qual, apesar de completo, não gostava mais. Então, fez um anúncio, para dispor
dele. Os colegas leram o anúncio e, na sexta-feira, houve a feirinha de
troca.
Avaliando
A professora avaliou este trabalho de forma muito
positiva. Foi possível ver essas brincadeiras acontecerem de forma espontânea,
no recreio, envolvendo um grande número de crianças. Nesses momentos, elas
mostram-se mais tranqüilas e alegres, entrosando-se também, com as crianças
maiores. Percebeu, no entanto, que alguns passos foram dados no escuro e fez
algumas observações:
* Iniciar o dia com este trabalho deixava as
crianças eufóricas e era difícil retomar a concentração necessária para outras
atividades. O ideal seria terminar o dia com ele.
* Definir o tempo com mais
exatidão. Apesar de defini-lo inicialmente, vendo a empolgação e o envolvimento
das crianças, não queria interromper. Percebo hoje que esta firmeza, apesar de
aborrecê-las bastante, define regras e direciona melhor o trabalho.
*
Questiono o ritmo do trabalho no seu período inicial; um menor número de
atividades xerocadas possibilitaria mais momentos de brincadeiras, favorecendo a
participação dos mais tímidos e acalmando os mais
agitados.
Bibliografia:
* ABRAMOVICH, F. Brincando de antigamente.
Belo Horizonte: Formato, 1966.
* ADELSIN. Barangandão arco-iris. Belo
Horizonte, 1997.
* ARAÚJO, AM. Danças, recreação e música. São Paulo:
Melhoramentos. v.II.
* MELO, V. Folclore infantil. São Paulo:
Itatiaia
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BEIJOCAS!!!
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Estou ansiosa para ler seu recadinho!Obrigada pelo seu carinho.