"A ESCOLA NÃO É ESTÁTICA NEM INTOCÁVEL. A FORMA QUE ELA ASSUME EM CADA MOMENTO É SEMPRE O RESULTADO PRECÁRIO E PROVISÓRIO DE UM MOVIMENTO PERMANENTE DE TRANSFORMAÇÃO,IMPULSIONADO POR TENSÕES,CONFLITOS, ESPERANÇAS E PROPOSTAS ALTENATIVAS".
05 novembro 2007
O MONSTRO DA PIZZA
Emilio
O Monstro da Pizza
Era uma tarde como outra qualquer. Ou pelo menos parecia.
Dona Marlene ajudou seus dois filhos a fazerem as tarefas da escola. Depois eles tomaram o lanche da tarde. Então dona Marlene disse assim:
- Vou ali na cabeleireira e já volto. Quero que vocês fiquem aqui brincando. Vocês vão se comportar?
- Sim mamãe – responderam em coro Tampinha e Batatinha.
- Ah: e quando eu voltar vou fazer uma pizza – disse a mãe.
- Oba! – exclamaram as crianças.
Tampinha então foi ver o seu programa favorito na TV: As Aventuras do Capitão Nojeira. E Batatinha foi brincar com suas bonecas. Quando viu estava brincando de fazer pizza. E pensou:
- Hei: por que não fazer uma pizza de verdade?
Batatinha já tinha visto sua mãe fazer pizza tantas vezes que achava que podia fazer uma também.
- Por que esperar se eu posso fazer uma pizza agora?
E assim Batatinha foi até a cozinha, vestiu um avental, pegou uma tigela da dona Marlene e se sentiu muito crescida.
Primeiro pegou o trigo e virou o pote todo dentro da tigela. Depois colocou dois copos de óleo de soja. Depois colocou uma dúzia de ovos com casca e tudo dentro da tigela. Daí se lembrou que a mãe também usava sal e açúcar pra equilibrar a massa. Por isso pôs uma caneca de açúcar e um copo de sal na tigela.
Mas parecia que ainda estavam faltando ingredientes.
- Bem: pelo que eu me lembro a mamãe põe um pouco de tudo que tem aqui na cozinha...
E assim dizendo Batatinha foi abrindo as portas dos armários da cozinha e foi colocando tudo que encontrou: um pouco de canela, um vidro de pimenta, um vidro de mostarda, outro vidro de catchoup.
Depois abriu a geladeira, pegou dois tomates e cortou em rodelas. Pegou também toda a mussarela que estava numa vasilha e jogou no meio da massa. Misturou presunto, maionese e uma lata inteira de fermento. 11 mar Emilio
Dona Marlene sempre dizia que tinha um segredo pra massa ficar assim tão gostosa e eletrizante. Batatinha não se lembrava qual era o segredo. Então abriu um outro armário e pegou: pilhas, pasta de dente e cola. E jogou tudo dentro da massa.
Ligou a batedeira e bateu um pouco tudo aquilo. A mãe sempre colocava a massa no forno do fogão. Mas Batatinha pensou:
- Hum... Por que demorar tanto se eu posso ser mais rápida? Vou colocar tudo no forno microondas!
Dito e feito: esparramou aquela estranha massa numa forma de pizza, pôs no forno microondas e ligou na potência máxima.
- Só vai demorar um minutinho – disse ela feliz da vida.
Foi quando o Tampinha chamou:
- Batatinha: vem cá ver o que o Capitão Nojeira está fazendo.
- Já vou! – respondeu ela tirando o avental e correndo para a sala de TV. 11 mar Emilio
Enquanto isso a estranha massa de Batatinha crescia no forno. Crescia. E crescia. A mistura foi crescendo tanto que encheu todo o forno microondas. Logo a porta do forno não agüentou mais e se abriu. E a massa continuou a crescer escorrendo para o chão, até que o microondas se desligou.
De repente Tampinha e Batatinha ouviram um estrondo vindo da cozinha.
- O que você estava fazendo? – perguntou Tampinha.
- Nada. Só cozinhando – respondeu inocente Batatinha.
Os dois correram até a cozinha. E quando chegaram lá viram a cena mais terrível de suas vidas: a cozinha estava toda suja de massa de pizza. Numa das paredes havia um buraco enorme que parecia exatamente a silhueta de um...
- MONSTRO!!! – gritaram os dois irmãos apavorados.
Olharam para fora da casa e um rastro de massa de pizza saia do quintal em direção à rua.
Os dois irmãos pegaram suas bicicletas e saíram correndo seguindo as pegadas da massa de pizza. De repente viram à sua frente um terrível monstro de massa de pizza, com seus olhos de tomate, sua boca de pilha alcalina e seu formato disforme de massa mal cozida.
- Da próxima vez que você for cozinhar me avise que eu saio junto com a mamãe – disse Tampinha.
- Engraçadinho – retrucou Batatinha.
O monstro se dirigiu até a pizzaria do bairro. Os funcionários da pizzaria mal podiam crer nos seus olhos e trataram de fugir dali. Foi sorte porque o monstro arrancou o telhado da pizzaria e começou a comer. Primeiro atacou todas as massas de pizzas e os recheios. E quando isso acabou começou a comer as cadeiras da pizzaria. 11 mar Emilio
Junto gente do bairro inteiro pra ver o monstro. E todos olhavam apavorados para aquele apetite voraz do monstro com cheiro de orégano.
Tampinha pegou uma pedra, a maior que encontrou, e atirou contra o monstro com seu estilingue. A pedra entrou dentro daquela massa e ficou. E o monstro nem sentiu.
Diante disso Tampinha sacou de mini-computador de bolso.
- Ei! Não é hora de jogar joguinho! – esbravejou Batatinha.
- Nada disso. Eu vou é fazer cálculos. – respondeu Tampinha.
Colocando seu computador pra funcionar Tampinha descobriu que a combinação dos ingredientes que Batatinha colocou mais a radiação do microondas na potência máxima criaram o monstro.
Enquanto isso o monstro da pizza comia as mesas da pizzaria. Mas passou direto por uma caixa cheia de detergente.
- É isso! – exclamou Tampinha.
- O que? – quis saber Batatinha.
- Quando a mamãe quer limpar a sujeira o que é que ela usa? 11 mar Emilio
- DETERGENTE! – disseram os dois juntos.
Então pegaram suas bicicletas, foram até o mercadinho e pegaram 2 caixas de detergente.
- Depois eu pago, seu Zé! – disse Tampinha montando em sua bicicleta.
Os dois irmãos sabiam que agora dependia deles. Porque o monstro da pizza estava acabando de comer a última mesa e já procurava outro alvo para atacar. Então pegaram seus estilingues e começaram a disparar vidros de detergente contra o monstro.
Dessa vez o monstro sentiu e se virou contra eles.
- Mais rápido, Batatinha! – disse Tampinha disparando mais detergente.
Eles já tinham usado uma caixa de detergente e parecia que não estava surtindo efeito.
- Tem certeza que seus cálculos está certos?
- Claro Batatinha. O monstro já devia estar derretendo.
O monstro começou a se movimentar na direção dos dois. Era óbvio que ele queria jantar os dois irmãos e a bicicleta de sobremesa.
Tampinha e Batatinha continuavam atirando detergente contra o monstro. Então de repente ele começou a diminuir. E diminuir. E diminuir.
- Está dando certo, Tampinha!
- Continua Batatinha!
O detergente estava destruindo a estrutura molecular do monstro da pizza. Ele derreteu e derreteu, mas ainda continuava se aproximando de Tampinha e Batatinha. Sobravam apenas 2 vidros de detergente.
- Tem que ser agora! – gritou Tampinha.
E os dois dispararam os últimos detergentes contra a boca do monstro, que acabou de derreter. Seus olhos de tomate então caíram um na cabeça do Tampinha e outro na cabeça da Batatinha.
- Argh! Que meleca! – disse Batatinha.
- Legal! Me sinto o Capitão Nojeira! – disse Tampinha. 11 mar Emilio
Tampinha e Batatinha ganharam uma salva de palmas da multidão, aliviada com o fim do monstro. O dono da pizzaria tinha seguro contra monstro e por isso não se desesperou com os prejuízos. Ao contrário, lançou uma promoção chamada kit-monstro: você comprava uma pizza e ganhava junto um bonequinho do monstro.
A TV veio entrevistar os dois.
Enquanto isso dona Marlene chegava em casa e via a situação de calamidade em que sua cozinha se encontrava. Levou muito tempo para os dois explicarem a ela o que tinha acontecido. E ela só acreditou quando viu a matéria no jornal da TV, junto com o pai, seu Marcelo.
O pai e a mãe decidiram que a Batatinha precisava de um castigo, pra aprender anão mexer mais na cozinha sem ordem da mãe. E proibiram Batatinha de entrar na cozinha por um mês.